Linho (2)
Por deferência da Escola EB23 de Castelo Branco, publica-se aqui o trabalho a que se fez referência anteriormente, sobre o trabalho do linho.
"O linho é também uma cultura que desde sempre se integrou na vida das gentes de Castelo Branco. Cultura esta que hoje se vê restringida apenas a algumas pessoas que por gosto ainda cultivam, esta planta o trabalham de forma tradicional. Desde a Idade Média que o linho se afirmou como um dos vectores de economia de auto-subsistência, o linho constitui uma cultura em que se baseou de forma criativa quer o vestuário, quer outras aplicações mais artísticas. Até há alguns anos, em quase todas as localidades, as actividades artesanais da preparação do linho eram significativas. A produção do linho tem hoje menor expressão, já o algodão, mais barato e acessível, veio ocupar o lugar de utilização e de aplicação de todos os dias. Contudo, ainda é cultivado e existem muitos teares que preparam os tecidos para aplicações de privilégio em artesanato artístico. Quanto ao ciclo de produção, convém referir que é lançado à terra em Outubro, se é mourisco, ou em Abril se é galego. Em Junho começa a amarelecer e a deixar cair a flor, seguindo-se a colheita (o arranque). Depois de algum tempo com a raiz ao sol, é passado pelo ripanço, para deixar através dos dentes afiados o seu fruto, ou seja a sua baganha. Esta volta para o sol para secar completamente, e estalando deixar livre a linhaça (semente). Depois de bem seco, o linho é encaminhado para a ribeira ou poços para ser alagado sob o peso de pedregulho entrando na fase de curtimento ou maceração. Só depois volta para o sol para enrijar, de modo que possa seguir-se todo num conjunto de fases que o hão-de tornar o tecido fresco e saudável, quase sagrado.
1ªParte do Processo:
“Os tormentos do linho"
Operação de maçar. Separar as fibras lenhosas das fibras têxteis. O linho antes de ser maçado com o maço, deve ser exposto ao sol até ficar bem esquecido, a fim de facilitar a operação.
Operação de tascar. Continua-se separando a parte lenhosa, o «tasco», da parte fibrosa, o linho, secundando a maçagem.
Operação de espadelar ou limpar o linho. Batendo de raspão com a
espadela, ou espadeladouro, de encontro a um cortiço, que deve chegar à cintura da espadeladeira. Nesta fase limpam-se as fibras do linho das arestas e dos tomentos que ficaram. As arestas irão ser aproveitadas para estrume, enquanto os tomentos irão dar a estopa.
2ª Parte do Processo:
Período “amoroso do linho”
Operação de assedar. Separar as fibras, a estopa, passando as estrigas levemente pelo sedeiro, tornando o linho leve e macio como seda. Numa segunda passagem pelo sedeiro, o linho larga a estopinha, ficando ainda mais fino. Os sedeiros são peças de madeira com duas ordens dentes uns mais finos outros mais grossos.
Linheiras fazendo as estrigas, O linho espadelado, é dobrado ao meio, torcido e enrolado em trança, formando as estrigas, que irão revestir a roca.
Encher a roca. O linho é enrolado na roca para mais tarde ser fiado.
Fiar. O fio deve passar perto da boca para se ir humedecendo com saliva o que facilita a torcedura ficando o fio mais resistente.
Urdir. Operação preparatória da tecelagem que consiste em dispor os fios paralelamente uns aos outros formando a teia.
Fazer os liços. Dispor entre duas travessas de madeira os liçarois, através dos quais passa a urdidura do tear e que se ou se baixam por meio de pedais, a cada passagem da lançadeira.
Empeirar. Por a teia para começar a tecedura.
Tear. É já com o tear já pronto que se fazem as maravilhosas peças de linho com bordados maravilhosos, e de uma diversidade quase impossível de igualar".
(in Gente e Culturas de Castelo Branco, Trabalho de Pesquisa realizado pelos alunos,
orientado pelos Professores Isabel Pires e António Mateus, Área de Projecto – 5ºD—2002/2003, Escola EB23 de Castelo Branco, http://213.228.159.3/trabalhos/trabalhos%2002-03/AP5D0203/default.htm)
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